A Palavra de Deus é maior que a Bíblia

Alguns dias atrás estava conversando com um amigo que trabalha com vendas de máquinas industriais para o setor gráfico. Dentre os muitos clientes que ele atende, um deles é uma empresa gráfica que imprime "bíblias". Ele me contou um fato curioso: o grande desafio deles (como de qualquer outra empresa) é aumentar o faturamento anual de vendas de Bíblia e outros produtos similares. O interessante é que a Bíblia em si não muda "muito" o seu conteúdo e na maioria dos lares católicos, evangélicos e espíritas cristãos já possuem uma versão da Bíblia. Além disso, a Bíblia não se desgasta assim tão rapidamente, visto que a maioria das pessoas a possuem apenas como um objeto religioso, místico ou mágico e os que lêem, não a lêem com tanta frequência assim...Então (continuou meu amigo) eles vivem um grande desafio, ou seja, como não podem alterar "muito" o conteúdo do livro e a necessidade de cumprir metas orçamentárias lhes é exigido pela diretoria da empresa, só lhes resta uma opção: buscar dentro do Brasil e fora dele os diversos autores e comentaristas de destaques, pois já que não se pode "mexer" na massa do bolo, todavia pode se alterar os "recheios e coberturas". Entendeu?Então o que acontece? Temos hoje dentro de uma mesma casa uma Bilblia atualizada, outra Corrigida, uma outra na "linguagem de Hoje", além disso, temos também a "Pentecostal, outra de "Profecias", outra do Empresário, outra Devocional, uma outra de Apologética"; a Bíblia da Mulher, a Bíblia do "Pastor", a famigerada Bíblia da Prosperidade e Batalha Espiritual" ; outras excelentes como a de Thompson, Vida Nova, Anotada, Aumentada, Explicada, Revisada, NVI, Scopfield; agora temos a Bíblia do Adolescente, a Bíblia "Letras GIGANTES", UFA!!!! Tem mais?A questão é: o quanto realmente temos nos alimentado da Palavra escrita de Deus? Entendemos realmente que a Palavra de Deus é maior que a Bíblia sagrada? Compreendemos o processo histórico da palavra escrita desde os desenhos e sinais nas cavernas, as tábuas de argila, os bastões tribais usados como amuletos e signos de poder; os rolos de papiros que ficavam trancafiados nas sinagogas e nas mãos de uma elite religiosa, cujo acesso o povão pobre não podia se aproximar até o origem do papel celulose e da cópia impressa na máquina de Lutemberg?Ou Deus só começou a falar depois que Lutemberg inventou a imprensa?Foi Martinho Lutero (no mesmo período de Lutemberg) que traduziu a Bíblia do latim (porque a igreja Católica afirmava que o latim era a Língua de Deus e dos anjos) para o alemão e com o advento da imprensa fez cópias e distribuiu para o povo.Acredito que a Bíblia é a palavra de Deus, no entanto ela n ão tem "toda" a palavra de Deus. A Palavra de Deus permanece no céu (Salmo 119 :89). A palavra de Deus chega té os confins do mundo (Salmo 19). A palavra de Deus é mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes e penetra até o interior de nossas entranhas, invadindo, inclusive, nossas noites em nossos sonhos (Hebreus 4:12).Se eu pegar um copo e enchê-lo com a água do oceano e dizer que naquele copo tem agua do mar, pois todos os elementos químicos e minerais que compõem a agua do mar estão lá, eu não estaria mentindo, mas dizer que o copo com água do mar é o Oceano aí , estarei grandemente equivocado. A Bíblia está para o copo como o Oceano está para a Palavra de Deus e muito mais!Por isso, andar com a Bíblia debaixo do braço, nada quer dizer. Dizer que somos o povo do "Livro", tambem nada quer dizer. Conhecermos a Bíblia do Gênesis ao Apocalipse seguindo aquela "tabelinha" de leitura anual da Bíblia tambem não diz muita coisa a respeito de nós, mas encarnarmos a palavra de Deus em nossas vidas, sem misturas, sem neuroses, sem interpretações pré-fabricadas já seria um bom começo.Uma reeleitura da Bíblia e dos evangelhos em sua simplicidade faria grande diferença em nossas vidas.De que nos serve nossos Seminários?De que nos serve nossos cursos teológicos?De que nos serve conhecer o grego, hebraico e latim?De que nos serve nossas teologias sistemáticas?Adoração da Letra. Adoração do Livro. Adoração da ciência.A Letra mata. A Ciencia incha.Bibliolatria.Uma única cópia da Biblia e sua leitura singela é o suficiente para ouvir a Palavra do Espírito e o Espírito da Palavra.
Reinaldo
Com muito carinho no coração!

Um Convite à Doce Revolução


Meus irmãos,


Se vocês crêem no que estão lendo e ouvindo aqui neste site, e se crêem que é hora de nos manifestarmos sem alarde, porém com fé, acerca do que temos crido, conforme o Evangelho da Graça; e, se também crêem que pode ser este o tempo no qual o Espírito Santo possa estar querendo suscitar um fogo de arrependimento em nós, nos conduzindo de volta ao Evangelho de Jesus, então, de minha parte, fica aqui a sugestão de uma doce subversão de amor, e de uma gentil manifestação de provocação em fé.

Solicito a você que leia o texto que segue, e caso creia nos conteúdos por ele anunciados como sendo a alma e o espírito do Evangelho de Cristo, que o torne a sua Tese Reformada Contemporânea, e imprima-o de todos os modos que lhe sejam possíveis, podendo até ser que para alguns ele vire um banner, uma grande placa, ou um simples “pergaminho” com seu conteúdo, e que seja afixado nas portas de Igrejas, Seminários e Catedrais, bem como na porta de sua casa, ou onde quer que você tenha a chance de coloca-lo. Leia por favor. Se crer, faça o que lhe for possível. Até o último Domingo de fevereiro gostaria de ficar sabendo que ele foi afixado no máximo possível de igrejas e lugares de freqüência cristã. E mais: tal ato é seu. Portanto, não busque consentimento de ninguém. Também não vandalize nada. Seja discreto. Apenas pendure o sua bandeira na forma de uma tese de fé e vida na Graça de nosso Deus. O tamanho você decide. A quantidade também. Envie-me fotos de alguns desses lugares, pois quero colar tais fotos aqui no site.
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Artigo 1 - Fica decretado que agora não há mais nenhuma condenação para quem está em Jesus, pois, o Espírito da Vida em Cristo, livra o homem de toda culpa para sempre.


Artigo 2 - Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive os Sábados e Domingos, carregam consigo o amanhecer do Dia Chamado Hoje, por isso qualquer homem terá sempre mais valor que as obrigações de qualquer religião.


Artigo 3 - Fica decretado que a partir deste momento haverá videiras, e que seus vinhos podem ser bebidos; olivais, e que com seus azeites todos podem ser ungidos; mangueiras e mangas de todos os tipos, e que com elas todo homem pode se lambuzar.


Parágrafo do Momento: Todas as flores serão de esperança; pois que todas as cores, inclusive o preto, serão cores de esperança ante o olhar de quem souber apreciar. Nenhuma cor simbolizará mais o bem ou o mal, mas apenas seu próprio tom, pois, o que daí passar estará sempre no olhar de quem vê.


Artigo 4 - Fica decretado que o homem não julgará mais o homem, e que cada um respeitará seu próximo como o Rio Negro respeita suas diferenças com o Solimões, visto que com ele se encontra para correrem juntos o mesmo curso até o encontro com o Mar.


Parágrafo que nada pára: O homem dará liberdade ao homem assim como a águia dá liberdade para seu filhote voar.


Artigo 5 - Fica decretado que os homens estão livres e que nunca mais nenhum homem será diferente de outro homem por causa de qualquer Causa. Todas as mordaças serão transformadas em ataduras para que sejam curadas as feridas provocadas pela tirania do silêncio. A alegria do homem será o prazer de ser quem é para Aquele que o fez, e para todo aquele que encontre em seu caminhar.


Artigo 6 - Fica ordenado, por mais tempo que o tempo possa medir, que todos os povos da Terra serão um só povo, e que todos trarão as oferendas da Gratidão para a Praça da Nova Jerusalém.


Artigo 7 – Pelas virtudes da Cruz fica estabelecido que mesmo o mais injusto dos homens que se arrependa de seus maus caminhos, terá acesso à Arvore da Vida, por suas folhas será curado, e dela se alimentará por toda a eternidade.


Artigo 8 – Está decretado que pela força da Ressurreição nunca mais nenhum homem apresentará a Deus a culpa de outro homem, rogando com ódio as bênçãos da maldição. Pois todo escrito de dívidas que havia contra o homem foi rasgado, e assustados para sempre ficaram os acusadores da maldade.


Parágrafo único: Cada um aprenderá a cuidar em paz de seu próprio coração.


Artigo 9 – Fica permanentemente esclarecido, com a Luz do Sol da Justiça, que somente Deus sabe o que se passa na alma de um homem. Portanto, cada consciência saiba de si mesma diante de Deus, pois para sempre todas as coisas são lícitas, e a sabedoria será sempre saber o que convém.


Artigo 10 – Fica avisado ao mundo que os únicos trajes que vestem bem o homem diante de Deus não são feitos com pano, mas com Sangue; e que os que se vestem com as Roupas do Sangue estão cobertos mesmo quando andam nus.


Parágrafo certo: A única nudez que será castigada será a da presunção daquele que se pensa por si mesmo vestido.


Artigo 11 - Fica para sempre discernido como verdade que nada é belo sem amor, e que o olhar de quem não ama jamais enxergará qualquer beleza em nenhum lugar, nem mesmo no Paraíso ou no fundo do Mar.


Artigo 12 – Está permanentemente decretado o convívio entre todos os seres, por isso, nada é feio, nem mesmo fazer amizades com gorilas ou chamar de minha amiga a sucuri dos igapós. Até a “comigo ninguém pode” está liberta para ser somente a bela planta que é.


Parágrafo da vida: Uma única coisa está para sempre proibida: tentar ser quem não se é.


Artigo 13 - Fica ordenado que nunca mais se oferecerá nenhuma Graça em troca de nada, e que o dinheiro perderá qualquer importância nos cultos do homem. Os gasofilácios se transformarão em baús de boas recordações; e todo dinheiro em circulação será passado com tanta leveza e bondade que a mão esquerda não ficará sabendo o que a direita fez com ele.


Artigo 14 – Fica estabelecido que todo aquele que mentir em nome de Deus vomitará suas próprias mentiras, e delas se alimentará como o camelo, até que decida apenas glorificar a Deus com a verdade do coração.


Artigo 15 – Nunca mais ninguém usará a frase “Deus pensa”, pois, de uma vez e para sempre, está estabelecido que o homem não sabe o que Deus pensa.


Artigo 16- Estabelecido está que a Palavra de Deus não pode ser nem comprada e nem vendida, pois cada um aprenderá que a Palavra é livre como o Vento e poderosa como o Mar.


Artigo 17 – Permite-se para sempre que onde quer que dois ou três invoquem o Nome em harmonia, nesse lugar nasça uma Catedral, mesmo que esteja coberta pelas folhas de um bananal.


Artigo 18 - Fica proibido o uso do Nome de Jesus por qualquer homem que o faça para exercer poder sobre seu próximo; e que melhor que a insinceridade é o silencio. Daqui para frente nenhum homem dirá “o Senhor me falou para dizer isto a ti”, pois, Deus mesmo falará à consciência de cada um. Todos os homens e mulheres que crêem serão iguais, e ninguém jamais demandará do próximo submissão, mas apenas reconhecerá o seu direito de livremente ser e amar.


Artigo 19 – Fica permitido o delírio dos profetas e todas as utopias estão agora instituídas como a mais pura realidade.


Artigo 20 - Amém!

Caio e tantos quantos creiam que uma revolução não precisa ser sem poesia.

O que Deus diz quando nada diz...


Estímulos, sons, palavras, vozes, imagens, símbolos, gestos — entre outros, são o meios de comunicação que nós usamos para nos expressarmos no mundo; ou, são os meios aos quais respondemos todos os dias.

Ninguém, entretanto, parece discernir que tais coisas apenas são significativas em razão do silencio.

Ora, o silencio é visto como a não-comunicação. Portanto, o que comunica, segundo sentimos, é o que o interrompe o poder angustiante do silencio.

Eu, todavia, a cada dia mais preciso do silencio como meio de comunicação. O silencio abre espaço para a comunicação. Afinal, sem silencio nada será comunicação.

O silencio, entretanto, é também mais que espaço e meio-condutor da possibilidade da comunicação.

Sim! O silencio passa a ser comunicação sempre que existe inflação de comunicação.

Ora, em tal caso, o silencio passa e ser o meio mais efetivo de comunicação, pois, na poluição das muitas comunicações, o que se comunica se esvazia de significado.

Portanto, é o silencio que re-significa os significados que foram esvaziados pelo excesso e pelo abuso do comunicar sem alma.

É por esta razão que se pode perceber a comunicação de Deus também na forma dos longos silêncios de Deus na História. Afinal, Deus fala sempre. Entretanto, fala demais quando não está falando nada.

A Revelação diz que em horas de algazarra na história Deus fala pelo silencio.

Quando o homem pergunta “Onde está Deus?” — Deus está falando. Sim! Está falando pelo silencio, e conseguindo comunicar-se melhor do que quando está dizendo algo por palavras.

O pecado humano parece nos conceder apenas ouvir melhor a Deus em meio às angustias que se fazem acompanhar pelo silencio total de Deus em relação à dor por nós sentida.

Deus também faz o silencio-que-é-amor se manifestar quando a pessoa anda em paz com Deus, conhecendo-o e a Ele submetendo-se com alegria; pois, em tal caso, a presença amiga de Deus é a comunicação que se impõe como paz.

Afinal, é também somente na profundidade da intimidade que se pode andar com alguém em silencio, sem a preocupação da animação das palavras, pois, sabe-se o outro; posto que entre amigos dessa qualidade tudo já esteja dito sem ser falado.

“Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”.

Quando o homem silencia, Deus fala. Mas quando o homem discursa, Deus faz aquele silencio que significa ausência.

Mais:

Quando o homem silencia em quietude submissa, o falar de Deus é mais que dizer, pois, para o homem, se torna um saber não com a razão, mas um saber com o provar essencial do coração.


Prove isto!


Caio

Dois de setembro de 2008
Pendotiba
Niterói
RJ

SÍNDROME DE ABADOM E APOLIOM


“Os homens desmaiarão de terror pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo” — Jesus


Na minha infância quase ninguém sentia depressão. As pessoas apenas ficavam tristes.

Depois, já na década de 70, comecei, muito de longe, a ouvir falar numa coisa chamada “depressão”.

Mas no Amazonas era raro ouvir alguém dizer que estava deprimido. Nem mesmo psicólogos havia para fazer tal diagnóstico. Afinal, mulheres tinham 10 filhos pra conseguir criar 5, no máximo.
Os demais morriam ainda pequenos, de febre ou impaludismo; ou qualquer mal estranho, ou mesmo tragados pelo rio. Porém, nenhuma mãe ficava deprimida. Choravam o tempo do luto. E os irmãos dos meninos falecidos achavam uma pena, mas ninguém se desesperava.

Durante os meus sete anos de fé e pastoreio em Manaus (73-81), atendi no máximo a umas 10 pessoas que sofriam de tristeza crônica. Depressão. Mas tanto eu quanto elas lidávamos com aquilo como tristeza crônica mesmo, e não como depressão.

Foi de janeiro de 1981 em diante, já pastoreando em Niterói, que passei a ter que ler (e muito) sobre Depressão, pois, lá, o pessoal urbano sempre chegava a mim falando que estava deprimido.

E era depressão por tudo: pelo namoro acabado, pelos pais problemáticos, pelo casamento falido, por frustrações, pelo desemprego prolongado, ou até mesmo por se ter tido um aborto espontâneo aos dois meses de gravidez...

Na década de 80 a Depressão cresceu. Menos no Amazonas. Lá, como ainda hoje, os psicólogos não são bem sucedidos. Sim! Até hoje há poucos psicólogos vivendo da profissão, e os psiquiatras acabam trabalhando nos hospícios. No Rio, entretanto, era depressão pra todo lado.

Então, fui vendo que no eixo Rio - São Paulo a Depressão era imensa. Em São Paulo era inclusive algo maior. Depois observei que ela, a depressão, se estendia para o sul. Pois, quanto mais urbano era o lugar, mais deprimidas as pessoas tendiam a se tornar. E mais: vi que as razões da depressão deixaram de ser até justificáveis objetivamente, pois surgia agora a depressão difusa, existencial, sem causas aparentes.

Na medida em que viajava pela Terra, ou mesmo depois de ter passado uns tempos nos Estados Unidos, percebi como a Depressão era uma epidemia global; mas sempre muito mais ligada aos ambientes urbanos ocidentais; exceto no Japão.

Já foi no início dos anos 90 que ouvi falar em “Síndrome do Pânico”. Então, de súbito, muita gente passou a sofrer de pânico. Muita gente andava com o remédio na bolsa a fim de ter um “Frontal” no caso de uma crise de pânico e falta de ar.

Uma ocasião (1991), no meio da estação das chuvas no Rio, uma amiga me disse que estando dentro do carro, com a água subindo acima da metade da porta, ao invés de desejar ter um celular (à época ainda um luxo), sua preferência seria por um Frontal, e não pelo meio moderno de pedir socorro: o celular. Aquilo me impressionou muito.

Daquele momento histórico pra frente a “Síndrome do Pânico” foi crescendo e a Depressão continuando, mas perdendo o seu glamour psicológico.

Passei a ler e buscar entender a “Síndrome do Pânico”; e o sentimento de desamparo que dela decorria.

Hoje me trazem até crianças com a Síndrome. Ou, então, aventam a possibilidade de que uma criança de quatro anos esteja já “panicada”. Crianças “deprimidas” já se tornou algo corriqueiro.

Agora vejo outro fenômeno psicológico-urbano em construção. Sim! Porque muitas coisas acabam virando uma moda da alma dolorida. Trata-se de um crescente fenômeno de Dissociação da Realidade, e que faz a pessoa estar presente sem se sentir presente. A sensação é de ausência. E, na maioria das vezes, além dos traumatizados por fortes experiências, percebo que tal fenômeno atinge os Internautas viciados.

A pessoa passa tanto tempo em chats, em salas de sexo virtual, em papos eróticos, ou em namoros distantes, que, quando volta do ambiente virtual, ou que tem que lidar com as pessoas reais no mundo concreto, ela não sabe mais se sentir em contato.

Então, a cabeça começa a ficar distante. A pessoa se sente como uma observadora dos acontecimentos, mas como se ela fosse um fantasma. A invisibilidade virtual toma conta dela; e, agora, diante de gente concreta, ela sente essa ausência profunda. Todavia, se você pergunta se na sala virtual ela sente-se desse modo, a resposta é que “não”; que “lá ela se sente presente”.

Assim, o que sobra é um mergulho cada vez mais profundo na virtualidade dos relacionamentos sem toque, cheiro ou convívio; pois, no mundo dos sentidos, fora desse Matrix relacional, tudo parece não existir e não ter mais sentido.

Entretanto, tal experiência é um fenômeno de profunda dissociação do mundo e da vida. E como as pessoas são forçadas, por uma razão ou outra, a saírem da câmara matrixiana e lidar com a vida (emprego, escola, faculdade, família, etc.) — não conseguindo mais se sentirem parte de nada tangível, elas mergulham em Depressão e ou na Síndrome do Pânico.

Minha amiga falara em 91 sobre preferir ter um “Frontal” a ter um celular para pedir ajuda no dilúvio urbano do Rio de Janeiro. Hoje você ouve as pessoas dizerem que precisam de seu computador ligado à rede, mas do que de qualquer outra coisa. O remédio é a virtualidade, numa evasão do mundo concreto; o que vai gerando um processo de sensorialidade dissociada da vida, único lugar onde os sentidos são tocados pelo outro.

Cada vez mais ouço as pessoas queixarem-se de que estão, mas não se sentem presentes em nada, em lugar algum. Até mesmo sexo tem gente me dizendo que prefere quando é virtual.

Pais, amigos, amantes, mundos virtuais. Pura e total tragédia humana!

Semana passada, Adriana e eu vimos o filme chamado “It is all about love”. A tradução é “Dogma do Amor”. Quando ela me mostrou o DVD na locadora, pensei tratar-se de um romancezinho.

Que nada! Era a história de uma bailarina (no ano 2021, mais ou menos), e que estava sendo clonada a fim de que ela (que já não desejava mais viver do show em meio a todas as coisas que hoje a ciência diz que estarão presentes na Terra a menos que haja um milagre) — pudesse ir embora com o marido para a Polônia, sua terra de origem; e isto num mundo já tomado pela Sétima Era Glacial. Só que esta, não é fruto de mudanças naturais no clima, mas sim o resultado da intervenção do homem no meio ambiente, criando, muito possivelmente, a pior de todas as Eras Glaciais nos últimos 700 mil anos.

O mais chocante do filme, além de que o mundo está acabando, mas as misérias do coração humano continuam cada vez mais presentes e perversas — é ver que o Pânico Universal agora faz as pessoas perderem o ar enquanto caminham muito bem agasalhas, e, de súbito, caem mortas nas ruas e metrôs de New York; enquanto os transeuntes já acostumados àquela tragédia, apenas passam discretamente por sobre os seus corpos. E dizem: “Não é nada não! Ela só está morrendo de pânico!”

Ora, tais cenários de natureza apocaliptico-existencial remetem-me diretamente para um texto em Apocalipse 9:


O quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela caída do céu na terra. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo. Ela abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como fumaça de grande fornalha, e, com a fumaceira saída do poço, escureceu-se o sol e o ar. Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra; e foi-lhes dado poder como o que têm os escorpiões da terra, e foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a qualquer coisa verde, nem a árvore alguma e tão-somente aos homens que não têm o selo de Deus sobre a fronte. Foi-lhes também dado, não que os matassem, e sim que os atormentassem durante cinco meses. E o seu tormento era como tormento de escorpião quando fere alguém. Naqueles dias, os homens buscarão a morte e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles.

O aspecto dos gafanhotos era semelhante a cavalos preparados para a peleja (expectação de guerra); na sua cabeça havia como que coroas parecendo de ouro (busca de poder); e o seu rosto era como rosto de homem (inteligência); tinham também cabelos, como cabelos de mulher (erotismo); os seus dentes, como dentes de leão (ferocidade animal); tinham couraças, como couraças de ferro (defesa); o barulho que as suas asas faziam era como o barulho de carros de muitos cavalos, quando correm à peleja (ruidosidade dos movimentos de guerra); tinham ainda cauda, como escorpiões, e ferrão; na cauda tinham poder para causar dano aos homens, por cinco meses (o veneno da angustia); e tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom.
Abadom e Apoliom, cujo significado único em ambas as línguas é destruição, é o mal que começa a morder as almas humanas sem esperança ante o complexo de coisas que governam e dirigem a humanidade para a morte por medo e pânico — conforme Jesus disse que seria.

Quando se descreve a aparência desses seres, o que se vê é um composer de tudo aquilo que existe como fenômeno social, político, econômico, e, sobretudo, psicológico, na Terra; e que só tende a crescer.

Sim! Porque esses bichos que saem do porão do Inconsciente Coletivo da Humanidade são feitos de nós mesmos e de nossas mazelas, de nossos ódios, inimizades, ameaças, guerras frias e quentes; de nossa inteligência malévola, de nosso erotismo descontrolado, e de tudo o mais que nós chamamos negativamente de “mundo”.

Esse tempo já chegou como nunca antes!

E apenas crescerá entre nós...

O Apocalipse diz que tais poderes terão seu domínio sobre todos, exceto sobre aqueles que entregaram a “fronte”, ou a mente, ou a razão, ou a consciência ao Cordeiro; a fim de que sejam protegidos contra a Síndrome de Abadom e Apoliom; e que será a Síndrome Universal do Pânico; a qual fará a síndrome do pânico atual parecer uma gripe, se comparada a um câncer nas vias respiratórias.


O que protege a alma é o “selo do Cordeiro”.

Ora, em Efésios 1: 12-14, Paulo diz que esse “selo” é a Esperança no Espírito Santo, a qual nos guarda a alma na certeza da Redenção.

Cada dia mais se estará ante uma situação para qual já não haverá mais fuga; nem mesmo mediante os mais sofisticados mecanismos de evasão da realidade.

O desejo de morrer grassa entre nós. Crianças, jovens, adolescentes, adultos e velhos começam a desejar morrer. Há aqueles que me dizem como um Jó em agonias que não desejariam ter nascido, ter posto a cara para o lado de cá.

O cenário melancólico e lúgubre do livro do Eclesiastes começa se tornar tolo como um gibi de desesperança infantil, posto que o cenário que já está posto é de uma realidade inescapavelmente diabólica para a alma humana.

Digo palavras de lucidez e de bom senso; e não estou construindo nenhuma ficção. A vida confirma e confirmará a cada dia mais a veracidade destas minhas palavras, e que nada mais são que a tradução do que o Apocalipse chamou de ação da destruição existencial contra toda vontade de viver.



Nele, em Quem temos o Selo da Esperança,



Caio

08/03/07
Lago Norte
Brasília